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Morreu o historiador Carlos da Fonseca


Carlos da Fonseca (1940-2017)

O historiador Carlos da Fonseca faleceu em
Paris, no dia 9 de Maio, na sequência de uma doença com que se debatia, quase
secretamente, há muitos anos, e que a partir de certa altura muito debilitou a
sua actividade de autor.

Historiador do movimento operário e do
anarquismo em Portugal, lega-nos, em particular neste domínio, uma obra
considerável, das reedições comentadas de «textos esquecidos» aos quatro
volumes, essenciais, da sua História do
Movimento Operário e das Ideias Socialistas em Portugal
(Europa-América),
passando por volumes como Integração e
Ruptura Operária
(Estampa). Os seus últimos livros conhecidos, Para uma Análise do Movimento Libertário em
Portugal
e O 1º de Maio em Portugal,
foram publicados pela Antígona.

Carlos da Fonseca nasceu em Peniche, onde
começou a trabalhar aos 11 anos de idade, passando por diversos e provisórios
ofícios. Nos anos 60, refractário ao exército colonial, exilou-se em França,
onde fez longos estudos universitários, primeiro na Universidade de Paris VIII
(Vincennes), depois na École Pratique des Hautes Études, onde se acentuou a sua
vocação investigativa. Foi professor de história e cultura portuguesa na
Universidade de Paris VIII e, posteriormente, na Sorbonne.

Personalidade de uma obstinada discrição,
pode aplicar-se-lhe o verso programático
de Luiza Neto Jorge «Não me quero com o tempo nem com a moda». Mas a sua veia
satírica, embora pouco exposta, surgiu por vezes em textos não assinados como
«Desratização», publicado na revista Pravda,
em que investe contra os «fabricantes de opinião»: «Subindo pelos canos de
esgoto do vedetariado servil, invadiram a imprensa, instalando-se nas
redacções, para daí contagiarem, com visível perigo sanitário, as crédulas
populações, através de doses de informação mercenária».

A sua obra de historiador rigoroso e
influente está a necessitar de uma atenção redobrada. Nestas toscas linhas,
daqui saudamos a sua memória de homem inteiro.















Júlio Henriques    





«Quem não pensa por si há-de sujeitar-se ao pensamento alheio.»
Max Nettlau
Diga-nos um livro nunca traduzido em Portugal que gostaria de ver editado?
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